segunda-feira, 7 de novembro de 2011

Um devaneio da Matéria


Inspiradas por Bachelard
A imagem “comunica” e também direciona sua construção. Quando conduzida por uma intenção, vislumbres, visualizações, construções imagéticas... Estimulando o imaginário também por meio da experimentação. O escorrer de uma mancha de tinta pode virar um universo se apenas encontrar seu sonhador. Esse é um dos sentidos do imaginário material, realizada pela força ativa que intenciona a criação, a materialização do imaginário. Cria-se uma dinâmica entre a ação e a imaginação e vice versa.
(...) Antes de qualquer escuta, de qualquer vontade de desenhar objetos, antes de qualquer ambição de revelar signos, um sonhador obedece aos sonhos íntimos de uma substancia mágica, escuta todas as confidencias da mancha, eis que a tinta se põe a dizer, preto no branco, seus poemas, põe-se a desenhar os longínquos passados de seus cristais. ... A tinta sozinha pode revelá-lo, porque estes Sonhos de tinta são, na verdade, os sonhos da tinta.
(...) Se souber escolher, se escutar os oráculos da tinta profética, terá a revelação de uma estranha solidez dos sonhos. (Bachelard - O Direito de Sonhar, Pg. 48)
A poesia da tinta.
(...) Assim, com a mais extrema delicadeza, a mão desperta as forças prodigiosas da matéria. Todos os sonhos dinâmicos, dos mais violentos aos mais insidiosos vivem na mão humana, síntese da força e da destreza. (...) São elementos de uma confissão da dinâmica humana, elementos de uma nova quiromancia, aquela que, ao desvelar forças, revela-se criadora de um destino. (Bachelard - O Direito de Sonhar, Pg. 54)
(...) Ora, começar é o insigne privilegio da vontade. Quem nos oferece a ciência dos começos, nos faz doação de uma vontade pura. (Bachelard - O Direito de Sonhar, Pg. 58)
(...) O real é captado em caracteres que convidam à ação, que convocam à intervenção do homem no mundo, que canalizam as forças criadoras desordenadas. (Bachelard G. 1970 (coletânea póstuma de 1939 a 1962) - O Direito de Sonhar, Pg. 59)